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Câncer: generalidades e tratamento

Matheus G. Alves, Micael F. S. Pereira, Renato E. Radoski, Rodrigo V. R. Oliveira, Vicente T. S. Pedreira, Vitor A. Viegas

Acadêmicos de Farmácia da Universidade Estadual de Londrina

Portfólio desenvolvido durante a disciplina de Química Farmacêutica 2 (Parte 1/3)

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Como o câncer se desenvolve?

O câncer engloba um conjunto de muitas doenças nas quais ocorre um crescimento desordenado de células, com tendências à invasão de tecidos e órgãos (BRASIL, 2021) 

As células cancerosas são aquelas que, a partir de mutações adquiridas ou herdadas, possuem anormalidades nos mecanismos de regulação do crescimento e divisão celular. Essas anormalidades ocorrem principalmente devido a alterações de dois fatores genéticos. O primeiro é a modificação dos proto-oncogenes, genes que controlam a apoptose, diferenciação e divisão celular, transformando-os em oncogenes, genes responsáveis pelo surgimento de tumores. O segundo fator são mutações em genes relacionados a apoptose, como pela ativação de genes antiapoptóticos ou pela inativação de genes pró-apoptóticos. Essas células perdem suas funções e passam a se proliferar descontroladamente, caracterizando o tumor primário (RANG et al. 2015.).

O tumor primário, devido às várias alterações genéticas, pode apresentar a capacidade de se expandir para fora de seus tecidos, dando origem a metástases ou tumores secundários, como exemplificado na Figura 1. Esse processo ocorre através da secreção de enzimas degradadoras, como as metaloproteinases, e pelo desenvolvimento de novos vasos sanguíneos (angiogênese), além de várias outras alterações que permitem o seu estabelecimento fora de seu tecido de origem. As manifestações patológicas variam de acordo com o local que este tumor se instalou (RANG et al, 2015). 

Figura 1. Representação simplificada do processo de metástase no cérebro a partir de um tumor primário de mama.
Uma doença milenar que assola cada vez mais a humanidade

Apesar de mais bem elucidadas e compreendidas atualmente, as doenças neoplásicas já haviam sido relatadas em múmias egípcias, mas seguem nos acompanhando na atualidade com dados epidemiológicos expressivos, fato indicativo de uma grande preocupação de saúde pública em torno da doença. (BRASIL, 2021)

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (BRASIL, 2021), os casos de câncer no Brasil no ano de 2020 chegaram a 626.030, sendo 309.750 em homens e 316.280 em mulheres. Nos homens, o câncer de próstata foi o que apresentou o maior número de casos, com um total de  65840 casos relatados, representando 29,2% das neoplasias em homens, já nas mulheres o câncer  de mama apresenta o maior número de casos, com 66280 casos, o que representa 29,7% das neoplasias em mulheres no Brasil.

No ano de 2019, mais de 230 mil pessoas morreram  em decorrência de alguma neoplasia no Brasil. Já no mundo, segundo as estimativas Globocan 2020 de incidência e mortalidade de câncer (SUNG et al., 2021), produzidas pela agência internacional de pesquisa sobre o câncer, aconteceram cerca de 19,3 milhões de novos casos de câncer e aproximadamente 10 milhões de óbitos. A incidência de todos os tipos de câncer em ambos os sexos no mundo pode ser observada na Figura 2, que nos revela que essa taxa é maior em países desenvolvidos (Europa, América do Norte, Japão, Austrália), nos quais o envelhecimento da população é maior devido a melhores indicadores de qualidade de vida e acesso a saúde.

Figura 2. Incidência global de todos os tipos de câncer, em todas as idades e em ambos os sexos. Fonte: Global Cancer Observatory (GCO), 2021.
Possibilidades para o tratamento quimioterápico do câncer

Hoje, sabemos que o tratamento do câncer depende de fatores que variam de acordo com a doença e seus estágios de evolução e descoberta. Entretanto, a principal forma de tratamento é por meio do uso de quimioterápicos aplicados conforme a estratégia e objetivo do tratamento. Dentre os objetivos, temos:

  • Tratamento curativo, que tem a  intenção de curar completamente o câncer; 
  • Tratamento de controle, que é indicado para quando não há mais possibilidade de cura, portanto os quimioterápicos agem de forma inibir e/ou retardar o crescimento e espalhamento do tumor; 
  • Tratamento paliativo, que é aplicado em casos de estágio muito avançado da doença, visando uma melhora da qualidade de vida do paciente.

Vale lembrar que a neoplasia maligna não desaparece por completo, mas procura-se controlá-la como uma doença crônica. (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2019) 

Com a compreensão da fisiopatologia, entende-se que as células cancerosas são mais propensas a multiplicarem-se mais rapidamente, por isso os medicamentos quimioterápicos terão sua ação no desenvolvimento da célula durante o ciclo celular. Entretanto, a seletividade é baixa, ou seja, esses medicamentos não diferenciam células saudáveis de células cancerosas. Desse modo, o tratamento busca uma manutenção do equilíbrio entre eliminar as células tumorais e preservar células saudáveis. (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2019) 

Os medicamentos quimioterápicos são agrupados segundo critérios quanto à interação medicamentosa, forma de atuação e estrutura química. Alguns exemplos estão listados na Tabela 1. (ALMEIDA et al, 2005)

Tabela 1. Classificação e exemplos de alguns agentes quimioterápicos.

O grupo dos inibidores de topoisomerases normalmente é representado por substâncias derivadas de produtos naturais,  como por exemplo, o topotecano e o teniposideo (Figura 3). Eles atuam inibindo as topoisomerases, enzimas essenciais durante os processos de transcrição, replicação e recombinação do DNA, já são responsáveis pela alteração do enrolamento das fitas de DNA

Figura 3. Exemplos de fármacos inibidores de topoisomerases.

O uso desses inibidores é indicado para o tratamento de algumas leucemias, mas também para câncer de pulmão, ovários, tumores gastrointestinais, câncer colorretal e de pâncreas. (ZHANG et al., 1992)

Nos próximos posts, vamos explorar melhor a classe terapêutica dos inibidores de topoisomerases. Fique ligado e até mais!

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Referências

ALMEIDA, Vera Lúcia de et al. Câncer e agentes antineoplásicos ciclo-celular específicos e ciclo-celular não específicos que interagem com o DNA: uma introdução. Química nova, v. 28, p. 118-129, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Informações sobre o câncer. Brasil, 2021. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/o-que-causa-o-cancer>. Acesso em 24 de Abr de 2021. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Estatísticas do câncer. Instituto nacional do câncer. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer>. Acesso em: 25 de Ago. de 2021

BRASIL. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Tratamento do Cancer. Brasil, 2021. Acesso em 24 de Abr de 2021. Disponivel em: https://www.inca.gov.br/tratamento/radioterapia 

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Programas de Controle do Câncer.Rio de Janeiro; Pro-onco; 1994. 30 p. Acesso em 24 Abr de 2021 Disponivel: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/acoes_cap6.pdf

RANG, Humphrey P.; DALE, M. Maureen. Rang and Dale’s pharmacology. Elsevier Brasil, 2015.

SUNG, Hyuna et al. Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA: a cancer journal for clinicians, v. 71, n. 3, p. 209-249, 2021.

ZHANG, Yi-Lin et al. Antitumor Agents, 130. Novel 4β-Arylamino Derivatives of 3′, 4′-Didemethoxy-3′, 4′-dioxo-4-deoxypodophyllotoxin as Potent Inhibitors of Human DNA Topoisomerase II. Journal of natural products, v. 55, n. 8, p. 1100-1111, 1992.

 

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Professora Adjunta do Departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Possui experiência na área de Química Medicinal, com ênfase em planejamento, síntese, modelagem molecular e avaliação biológica de novas substâncias com potenciais atividades antibacteriana, antimicobacteriana, antifúngica, antichagásica, antileishmania, antimalárica e antitumoral.

1 comentário em “Câncer: generalidades e tratamento”

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